Na última semana nós estudamos,
muito inadequadamente, a evolução do homem, o pensador, o morador dos corpos,
aquele que os usa durante o ciclo da evolução. Vimos que ele era a síntese das
evoluções que o precederam. Preparamos o estudo daquela evolução em duas
palestras anteriores, nas quais primeiro consideramos a substância, ou matéria
atómica anterior ao seu desenvolvimento até uma forma, ou o minúsculo átomo
antes de ser incorporado num veículo de qualquer espécie. A seguir, estudamos a
construção das formas por meio da grande lei de atração, a qual reuniu os
átomos, fazendo-os vibrar em uníssono, produzindo assim uma forma, ou uma
reunião de átomos. Chegamos ao reconhecimento de que, na substância atómica,
tínhamos um aspecto da Cabeça de Deus, ou da Divindade, e da Força ou energia
central do sistema solar, manifestando-se sob o aspecto da inteligência, e
vimos que no aspecto formal da natureza manifestava-se uma outra qualidade da
Divindade, a do amor ou atração, a força de coesão que mantém a forma unida. A
seguir estudamos o ser humano, ou homem, e anotamos como os três aspectos
divinos se reuniram nele; e reconhecemos o homem como uma vontade central se manifestando por meio de uma forma
composta de átomos e apresentando as três qualidades de Deus, a da
inteligência, a da sabedoria-amor e a da força de vontade.
Hoje sairemos do aspecto da
manifestação da matéria com o qual temos lidado nas palestras anteriores, e
vamos estudar a consciência dentro da forma. Vimos que o átomo pode ser
considerado como a vida central, manifestando-se por meio de uma forma
esferoidal e apresentando a qualidade da mente; mas o átomo humano pode também
ser considerado como uma vida central positiva, utilizando uma forma e
apresentando as diferentes qualidades que enumeramos; e a seguir dissemos que,
se estivéssemos certos em nossa hipótese sobre o átomo, e se estivéssemos
certos ao considerar o ser humano como um átomo, então poderíamos estender esta
concepção primária ao planeta e dizer que dentro do átomo planetário há uma
grande Vida se manifestando através de uma forma e mostrando qualidades
específicas enquanto elabora um objetivo específico; e estender este mesmo
conceito também à grande esfera solar e à grande Divindade Que o habita.
Tomemos a questão da própria
consciência e estudemos um pouco o problema, ocupando-nos com a reação da vida
dentro da forma. Se eu puder deste modo dizer-lhes em linhas gerais o que foi
mencionado antes, poderei colocar outra pedra na estrutura que estou tentando
construir.
A palavra consciência vem de duas palavras latinas: com (com); escio (saber) e literalmente significa "aquilo com
o qual sabemos". Se tomarmos um dicionário, encontraremos a seguinte
definição: "O estado de estar alerta" ou a condição de percepção, a
habilidade de reagir a estímulos, a faculdade de reconhecer contatos e o poder
de sincronizar a vibração. Todas estas expressões poderiam ser incluídas em
qualquer definição de consciência, mas a que eu quero enfatizar esta noite é a
que é dada no Standard Dictionary e
que já mencionei antes. O pensador comum que manuseia a maioria dos livros que
discutem este assunto está propenso a considerá-los muito confusos, porque eles
dividem a consciência e o estado de estar alerta em numerosas divisões e
subdivisões até que se estabelece um estado de completa perplexidade. Esta
noite só mencionaremos três tipos de consciência, que poderíamos assim
enumerar: Consciência absoluta, consciência universal e consciência individual,
e destas três só se pode, realmente, definir duas com alguma clareza.
A consciência absoluta é
praticamente impossível de ser reconhecida pelo pensador comum. Foi definida em
um livro como: "Aquela consciência na qual tudo existe, tanto o possível
quanto o real", e diz respeito a tudo que possa ser concebido como tendo
acontecido, como ocorrendo ou por acontecer. Possivelmente, esta é a
consciência absoluta, e do ponto de vista da consciência humana, ela é a
consciência de Deus, Que contém Nele o passado, o presente e o futuro. Que é,
então, a consciência universal? Poderia ser definida como a consciência,
pensando-se em tempo e espaço, consciência com a ideia de locação e sucessão
nela incluída ou, na verdade, consciência grupai, o próprio grupo formando uma
unidade maior ou menor. Finalmente, a consciência individual pode ser definida como a parcela da consciência
universal que uma unidade separada pode contatar e conceber por si mesma.
Para compreender estas expressões
vagas — consciência absoluta, universal e individual — seria útil se eu
tentasse ilustrar. Poderia ser feito como se segue: Em nossas palestras
anteriores vimos que devemos considerar o átomo no corpo humano como uma
pequena entidade, uma vida minúscula, inteligente, e uma esfera microscópica,
ativa. Tomando aquela pequena célula como nosso ponto de partida, podemos obter
um conceito do que são estes três tipos de consciência, considerando-as do
ponto de vista do átomo e do homem. A consciência individual, para o átomo
minúsculo em um corpo humano, seria sua própria vida vibratória, sua própria
atividade interna e tudo que especificamente lhe diga respeito. A consciência
universal, para a pequena célula, poderia ser considerada como a consciência de
todo o corpo físico, considerando-o como a unidade que incorpora o átomo. A
consciência absoluta, para o átomo, poderia ser considerada como a consciência
do homem que pensa, o qual dá energia ao corpo. Isto seria, para o átomo, algo
tão remoto, do ponto de vista de sua própria vida interior, que seria
praticamente inconcebível e desconhecido. Contudo, ela projeta na linha de sua
vontade a forma e o átomo dentro da forma, e tudo que lhes diz respeito. Esta
ideia só tem de ser ampliada até o homem, considerado como um átomo ou célula
dentro do corpo de uma grande Entidade, e pode-se elaborar linhas semelhantes
segundo esta concepção de uma consciência tríplice. Seria prudente agora se
considerássemos assuntos mais práticos do que a consciência absoluta.
A ciência ocidental está
gradualmente chegando à conclusão da filosofia esotérica do Oriente, de que a
consciência deve ser atribuída não só ao animal e ao ser humano, mas que se
deve também reconhecer que ela se estende através do reino vegetal até o
mineral, e que a auto-consciência deve
ser considerada como a consumação do crescimento evolutivo da consciência nos
três reinos inferiores. Não é possível, no curto espaço de tempo que tenho à
minha disposição, entrar no estudo fascinante do desenvolvimento da consciência
no reino animal, no reino vegetal, e seu aparecimento também no reino mineral;
descobriríamos, se o fizéssemos, que até os minerais apresentam sintomas de
consciência, de reação a estímulos, que eles apresentam sinais de cansaço e que
é possível envenenar um minera! e assassiná-lo, do mesmo modo que se pode
assassinar um ser humano. O fato de que as flores possuem consciência está
sendo mais prontamente reconhecido, e artigos de profundo interesse têm sido
publicados sobre a consciência das plantas, abrindo ampla linha de pensamento.
Vimos que na matéria atómica a única coisa que lhe podemos atribuir com
segurança é que ela mostra inteligência, o poder de selecionar e de
discriminar. Esta é a caraterística predominante da consciência, quando se
manifesta no reino mineral. No reino vegetal aparece outra qualidade, a da
sensação ou sentimento de natureza rudimentar. Ele responde de maneira
diferente do mineral. No reino animal aparece uma terceira reação; não só o
animal mostra sinais de sensação muito aumentados em relação ao reino vegetal,
como também mostra sinais de intelecto, ou mente em embrião. O instinto é uma
faculdade reconhecida em todas as unidades animais, e a palavra vem da mesma
raiz que a palavra "instigar". Quando o poder de instigar começa em
qualquer forma animal, é sinal de que uma mentalidade embrionária começa a se
manifestar. Em todos estes reinos temos diferentes graus e tipos de consciência
se manifestando, enquanto no homem temos os primeiros sintomas de
auto-consciência, ou a faculdade do homem pela qual ele se conscientiza de que
é uma identidade separada, que é o impulso que habita o corpo e quem está no
processo de se conscientizar por meio destes corpos. Há muito se ensina isto no
Oriente e "a filosofia esotérica ensina que tudo vive e é consciente, mas
que nem toda vida e consciência é semelhante à humana", e ela também
enfatiza o fato de que "existem grandes intervalos entre a consciência do
átomo e a da flor, entre a da flor e a do homem e entre a de um homem e um
Deus". Como Browning disse: "No homem começa de novo uma tendência
para Deus". Ele ainda não é um Deus, mas um Deus em formação; ele está
elaborando a imagem de Deus, e um dia a produzirá perfeitamente.
É ele que está procurando demonstrar
a vida tríplice, divina e subjetiva, por meio da objetiva.
O método do desenvolvimento
evolutivo da consciência em um ser humano nada mais é do que uma repetição,
numa volta mais alta da aspirai, das duas etapas que notamos na evolução do
átomo, a da energia atómica e a da coesão grupai. Atualmente podemos ver no
mundo a família humana na era atómica se encaminhando para um objetivo ainda
não alcançado, a etapa grupal.
Se existe uma coisa aparente para
todos os que estamos de algum modo interessados na faculdade da percepção, e
que estamos acostumados a prestar atenção ao que acontece à nossa volta, é a
dos graus diferentes de mentalidade que encontramos em toda parte, e os
diferentes tipos de consciência entre os homens. Encontramos pessoas alertas,
vivas, conscientes de tudo o que está acontecendo, profundamente conscientes,
respondendo às correntes de pensamento de várias espécies nos assuntos humanos e
conscientes de toda espécie de contatos; a seguir encontramos pessoas que
parecem estar adormecidas; há, aparentemente, tão pouca coisa que as interessa;
parecem estar totalmente alheias ao contato; estão ainda num estágio de inércia
e não são capazes de responder a muitos estímulos exteriores; não estão
mentalmente vivas. Nota-se isto também nas crianças; algumas respondem tão
depressa, enquanto chamamos outras de retardadas. Realmente, uma não é
essencialmente mais retardada que a outra; é simplesmente devido à etapa de
evolução interior da criança, a suas encarnações mais frequentes e ao período
maior que tem utilizado para se tornar consciente.
Tomemos agora as duas etapas, a
atómica e a da forma, e vejamos como se desenvolve a consciência do ser humano,
tendo sempre em mente que no átomo humano está armazenado tudo o que foi
adquirido nas etapas anteriores dos três reinos inferiores da natureza. O homem
é o ganhador devido ao amplo processo evolutivo que existe por trás dele. Ele
começa com tudo, que foi adquirido, latente dentro de si. Ele é auto-consciente
e tem, diante de si, um objetivo definido, a conquista da consciência grupai.
Para o átomo da substância a meta havia sido a conquista da auto-consciência.
Para o ser humano o objetivo é uma Consciência maior e um alcance mais amplo da
percepção.
A etapa atómica, a
qual estamos considerando agora, é particularmente interessante para nós,
porque é a etapa em que a maioria dos membros da família humana se encontra.
Nela passamos pelo período (muito necessário) de auto-centraliza-ção, aquele
ciclo no qual o homem está primordialmente pré-ocupado com seus próprios
assuntos, com aquilo que particularmente o interessa, e vive sua própria vida
intensa, interna, vibrante. Durante um longo período anterior a este, e talvez
na etapa atual (porque eu não acredito que muitos de nós sentir-se-iam
insultados se não fôssemos considerados como tendo alcançado a perfeição ou
atingido o objetivo) a maioria dos seres humanos é intensamente egoísta e só
mentalmen^interes-sada nas coisas que acontecem no mundo e, então,
(Wovavel-mete porque nossos corações são tocados e não gostamos de nos sentir
desconfortáveis, ou nos interessamos porque está na moda; e contudo, apesar
desta atitude mental, toda nossa atenção está voltada para as coisas que dizem
respeito à nossa vida individual. Estamos na etapa atómica, intensamente ativa
em relação aos nossos problemas pessoais. Olhem as aglomerações nas ruas de
qualquer cidade grande e verão, em toda parte, pessoas na era atómica preocupadas
só com elas próprias, centralizadas em seus negócios, absortas em obter seu
próprio prazer, desejosas de diversão e só incidentalmente preocupadas com os
problemas relacionados com o grupo. Esta é uma etapa protetora e necessária e
de valor essencial a cada unidade da família humana. Esta conscientização,
portanto, nos levará, seguramente, a ser pacientes com nossos irmãos e irmãs
que tão frequentemente poderão nos irritar.
Quais são os dois fatores pêlos
quais evoluímos para dentro e para fora da etapa atómica? No Oriente , há
muitas eras, o método de evolução tem sido duplo. Foi ensinado ao homem que ele
evolue e se torna consciente, primeiramente por meio dos cinco sentidos, e mais
tarde pelo desenvolvimnto da faculdade do discernimento, unida à despaixão.
Aqui no Ocidente primeiro enfatizamos os cinco sentidos e não ensinamos o
discernimento que é tão essencial. Se observarmos o desenvolvimento de uma
criança notaremos, por exemplo, que o bebé normalmente desenvolve os cinco
sentidos em uma sequência ordenada. O primeiro sentido que ela desenvolve é a
audição; ela moverá a cabeça quando ouvir um barulho. O próximo sentido será o
tato e ela começa a sentir com suas mãozinhas. O terceiro sentido que parece
despertar é o da visão. Não quero dizer com isto que um bebé não enxergue, ou
que nasça cego como um gatinho, mas passam-se várias semanas até que um bebé
possa ver conscientemente e reconhecer pelo olhar. A faculdade está lá, mas não
há conscientização. O mesmo acontece com as expansões graduais de consciência e
percepções que estão à nossa frente hoje. Nestes três sentidos principais,
audição, tato e visão, temos uma analogia muito interessante e uma ligação com
a tripla manifestação da Divindade, o ser, o não-ser, e a relação
intermediária. Ocultamente, o ser ouve e responde à vibração,
conscientizando-se desse modo. Ele se torna consciente do não-ser, e de sua
tangibilidade, pelo tato, mas é somente quando a visão ou reconhecimento
consciente atua, que a relação'entre os dois se estabelece. Mais dois sentidos
são utilizados pelo ser ao fazer seus contatos, o do paladar e o do olfato, mas
eles não são tão essenciais ao desenvolvimento da consciência inteligente
quanto os outros três.
Por meio destes cinco sentidos
fazemos qualquer contato possível no plano físico; por intermédio dele
aprendemos, crescemos, tornamo-nos conscientes e nos desenvolvemos; por meio
deles evoluem os grandes instintos; eles são os grandes sentidos protetores,
que nos habilitam não só ao contato com nosso meio-ambiente, mas também nos
protegem deste meio-ambiente. Então, tendo aprendido a ser unidades
inteligentes por meio destes cinco sentidos e tendo, por meio deles, expandido
nossa consciência, atingimos uma certa crise e outro fator aparece, o do
discernimento inteligente. Aqui estou eu me referindo ao discernimento que uma
unidade autoconsciente demonstra. Refiro-me àquela escolha consciente que você
e eu evidenciamos, e que seremos forçados a utilizar à medida que a força da
evolução nos leve ao ponto onde aprenderemos a distinguir entre o ser e o
não-ser, entre o real e o irreal, entre a vida dentro da forma e a forma que
ela usa, entre o conhecedor e o que é conhecido. Aqui temos todo o objeto da
evolução, a conquista da consciência do ser real por meio do não-ser.
Passamos por um longo período, ou
ciclo, de muitas vidas, no qual nos identificamos com a forma e de tal maneira
nos identificamos com o não-ser que não percebemos qualquer diferença, estando
inteiramente ocupados com as coisas transitórias e temporárias. É esta
identificação com o não-ser que leva a toda dor, insatisfação e tristeza no
mundo e, contudo, devemos lembrar-nos de que através desta reação do ser ao
não-ser, inevitavelmente aprendemos e, finalmente, nos livramos do transitório
e do irreal. Este ciclo de identificação com o irreal é paralelo à etapa da
consciência individual. Como o átomo da substância precisa de algum modo
encontrar seu caminho para alguma forma e adicionar sua quota de vitalidade a
uma unidade maior, da mesma maneira, pelo desenvolvimento evolutivo da
consciência, o átomo humano deve alcançar um ponto onde ele reconheça seu lugar
num todo maior e assuma sua responsabilidade na atividade grupai. Esta é a
etapa da qual um grande número da família humana está agora se aproximando. Os
homens estão se conscientizando, como nunca, da diferença entre o real e o
irreal, entre o permanente e o transitório; através da dor e do sofrimento
estão despertando para o reconheci-mnto de que o não-ser não é o bastante e
estão pesquisando tanto do lado de fora quanto do lado de dentro, em busca
daquilo que seja mais adequado às suas necessidades. Os homens estão procurando
compreender a si mesmos, encontrar o Reino de Deus dentro de si e, pela Ciência
Mental, pelo Pensamento Novo e pelo estudo da psicologia, atingirão certos
graus de conscientização de valor incalculável para a raça humana. Portanto,
deve-se encontrar indicação de que a etapa
da forma está-se aproximando rapidamente e que os homens estão saindo do
período atómico para algo muito melhor e maior. O homem está começando a sentir
a vibração daquela Vida maior dentro de Cujo corpo ele nada mais é do que um
átomo e está começando a responder conscientemente, em escala pequena, ao
grande chamado e a encontrar possíveis canais pêlos quais ele possa entender a
Vida maior, que ele sente, mas contudo, ainda não conhece. Se persistir nisto,
ele encontrará seu grupo e trocará, então, de centro. Ele não ficará mais
limitado por sua própria pequena parede atómica, mas a ultrapassará e
tornar-se-á, por sua vez, uma parte ativa, consciente, inteligente, do todo
maior.
E como se efetua esta mudança? A
etapa atómica desenvolveu-se através dos cinco sentidos e da utilização da
faculdade da discriminação. O estágio no qual o homem desperta para a
conscientização grupai e se torna um participante consciente nas atividades do
grupo se efetua de duas maneiras: pela meditação e por uma série de iniciações.
Quando emprego a palavra "meditação" não quero dizer o que talvez
habitualmente se compreenda por aquela palavra, um estado mental negativo,
receptivo ou um estado de transe. Há muita falsa interpretação, hoje em dia, em
relação ao que a meditação realmente seja e há muito da chamada meditação que
foi descrita por alguém, não há muito tempo, como "Eu fecho meus olhos,
abro minha boca e espero que algo aconteça". A verdadeira meditação é algo
que requer a mais intensa aplicação da mente, o máximo controle de pensamento e
uma atitude nem negativa nem positiva, mas um perfeito equilíbrio entre as
duas. Nas Escrituras Orientais, o homem que tenta a meditação e atinge seus
resultados é descrito assim — e da consideração destas palavras podemos obter
muita ajuda e esclarecimento: "O Maha logue, o grande asceta, em quem está
centralizada a mais elevada perfeição de penitência austera e da meditação abstraia, pela qual se atinge
os mais ilimitados poderes, operam-se maravilhas e milagres, adquire-se o mais
elevado conhecimento espiritual e se
atinge finalmente a união com o grande Espírito do universo". Aqui,
esta união com a vida grupai é considerada como o resultado da meditação e não
há outro método para consegui-la.
A meditação verdadeira (cujas etapas
preliminares são a concentração e aplicação de qualquer particular linha de
pensamento) diferirá para pessoas diferentes e tipos diferentes. O homem
religioso, o místico, centralizará sua atenção na vida dentro da forma, em
Deus, em Cristo, ou naquilo que para ele personifica o ideal. O homem de
negócios ou o profissional, que durante suas horas de trabalho está claramente
centralizado no assunto que tem em mãos e que mantém sua atenção fixa no
problema particular que tem que resolver, está aprendendo a meditar. Mais
tarde, quando chegar ao aspecto mais espiritual da meditação, ele descobrirá
que já venceu a parte mais árdua do caminho. A pessoa que lê um livro difícil e
lê com toda a força e poder de seu cérebro, alcançando o que está por trás da
palavra escrita, pode estar meditando tanto quanto lhe seja possível meditar
neste período. Digo isto para nosso encorajamento, porque vivemos em um ciclo
onde se podem encontrar livros sobre meditação. Todos eles contêm algum aspecto
da verdade e podem estar fazendo muito bem, mas podem não conter o melhor para
cada indivíduo. Precisamos encontrar nosso próprio modo de concentração, definir
nosso próprio método de aproximação àquilo que existe no íntimo, e estudar por
nós mesmos esta questão da meditação.
Gostaria aqui de pronunciar uma
palavra de advertência. Evitem aquelas escolas e métodos que combinam formas de
exercícios de respiração com meditação, que ensinam tipos diferentes de
posturas físicas e ensinam seus estudantes a centralizar sua atenção nos órgãos
físicos ou centros. Os que seguem estes métodos estão caminhando para o
desastre e, além dos perigos físicos envolvidos, do risco da loucura e de
doenças nervosas, eles se ocupam com a forma, que é limitação, e não com o
espírito, que é vida. O objetivo não será alcançado deste modo. Para a maioria
de nós a concentração intelectual que resulta no controle da mente e na
habilidade de pensar claramente e pensar somente o que desejamos pensar, deve
preceder a verdadeira meditação, algo sobre o que, raras pessoas sabem. Esta
meditação verdadeira, sobre a qual é impossível expandir-me aqui, resultará
numa mudança de polarização definida, abrirá ao homem experiências ainda não
sonhadas, revelará contatos que ele ainda não compreende e o habilitará a
encontrar seu lugar no grupo. Ele não estará mais confinado pelo muro de sua
vida pessoal, mas começará a incorporar aquela vida ao todo maior. Ele não
estará mais ocupado com coisas de interesse egoísta, mas dará atenção aos
problemas do grupo. Ele não mais usará do tempo para a cultura de sua própria
identidade, mas procurará entender aquela Identidade maior da qual faz parte.
Isto é realmente o que todos os homens adiantados estão mais ou menos começando
a fazer. Apesar do homem comum conscientizar isto muito pouco, grandes
pensadores, como Edison e outros, chegam à solução de seus problemas pela linha
da meditação. Pela concentração contínua, pela recordação constante e pela
aplicação intensiva à linha de pensamento que os interessa, eles produzem
resultados, chegam aos reservatórios interiores da inspiração e poder e trazem
dos níveis superiores do plano mental, resultados que beneficiam o grupo.
Quando nós próprios tivermos feito algum trabalho ao longo da linha de
meditação, quando estivermos cultivando o interesse grupai e não o
auto-interesse, quando tivermos corpos físicos fortes e limpos e corpos
emocionais controlados e não tomados pelo desejo, quando tivermos corpos
mentais que sejam nossos instrumentos e não nossos donos, aí então saberemos o
verdadeiro significado da meditação.
Quando alguém entra em contato, pela
meditação, com o grupo a que pertence, torna-se cada vez mais consciente do seu
grupo e chega a uma posição de receber o que chamamos de série de iniciações.
Estas iniciações são simplesmente expansões de consciência, efetuadas com a
ajuda Daqueles que já atingiram o objetivo, Que já Se identificaram com o grupo
e que são uma parte consciente do corpo do Homem Celestial. Com Sua assistência
e ajuda, o homem despertará gradualmente para a conscientização Deles.
Há muito interesse em toda parte,
hoje, pelo assunto da iniciação, e uma ênfase exagerada foi dada ao seu aspecto
cerimonial. Precisamos lembrar-nos que cada grande desabrochar da consciência é
uma iniciação. Cada passo a frente no caminho da percepção é uma indicação.
Quando um átomo de substância transformou-se em uma forma, isso foi uma
iniciação para este átomo. Ele percebeu outro tipo de força e o alcance do seu
contato tornou-se mais amplo. Quando a consciência do reino vegetal fundiu-se
com a do reino animal e a vida passou do reino inferior para o superior, foi
uma iniciação. Quando a consciência do animal expandiu-se para a do ser humano,
outra grande iniciação ocorreu. Todos os quatro reinos foram penetrados por
meio de uma iniciação ou expansão de consciência. O quinto reino, ou
espiritual, encontra-se agora à frente da família humana e se penetra nele por
meio de uma certa iniciação, como se pode ver por aqueles que inteligentemente
lêem seu Novo Testamento. Em todos estes casos estas iniciações foram efetuadas
pela ajuda Daqueles que já conhecem. Assim, temos no esquema evolutivo, não
grandes lacunas entre um reino e outro, e entre um estado de percepção e outro,
mas um gradual desenvolvimento de consciência, no qual cada um de nós teve e
terá sua participação. Se pudermos lembrar desta universalidade de iniciação,
teremos um ponto de vista melhor dimensionado em relação a ela. Cada vez que
nos tornarmos mais conscientes de nosso meio-ambiente e nosso conteúdo mental
for aumentado, será uma iniciação em escala reduzida. Cada vez que nosso
horizonte se alarga e pensamos e vemos mais amplamente, é uma iniciação e aqui
está, para nós, o valor da própria vida e a grandeza de nossa oportunidade.
Desejo aqui enfatizar um ponto: cada
iniciação tem que ser auto-iniciada. Aquela etapa final, quando uma ajuda
definida nos é trazida de fontes externas, não é atingida porque haja grandes
Seres ansiosos por nos ajudar, Que vêm até nós e tentam nos elevar. Ela vem a
nós porque fizemos o trabalho necessário, e nada pode impedi-la. É nosso
direito. Os que conquistaram podem ajudar-nos e de fato o fazem, mas Suas mãos
estarão atadas até que tenhamos feito nossa parte do empreendimento. Portanto,
nada que façamos para aumentar nossa utilidade no mundo, nenhuma iniciativa que
tomemos para construir corpos melhores, nenhum esforço para adquirir
autocontrole e equipar nosso corpo mental, estará jamais perdido; é algo que
estamos acrescentando ao total que acumulamos, o qual, um dia, nos trará uma
grande revelação, e o esforço que fizermos, cada hora, cada dia, aumentará o
fluxo de energia que nos levará ao portal da iniciação. O significado da
palavra "iniciação" é "entrar". Significa simplesmente que
o iniciado é aquele que deu os primeiros passos para o reino espiritual e
obteve a primeira série de revelações espirituais, cada uma sendo uma chave
para uma revelação ainda maior.
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